Pandemia

UFPel aponta cerca de 20 mil contaminados no RS

Os dados sobre a Covid-19 seguirão servindo de base para as decisões do governo gaúcho; mais quatro etapas foram anunciadas

*Atualizada às 19h44min para acréscimo de informações

O Rio Grande do Sul soma cerca de 20 mil pessoas contaminadas com a Covid-19. Esse dado é revelado pelo quarto inquérito populacional do estudo inédito encabeçado pelo Centro de Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Mais uma vez, os pesquisadores conseguiram testar 4,5 mil gaúchos. Desses, oito foram positivos para o vírus, um em Pelotas. Por isso, a pesquisa aponta que 20.226 mil pessoas já tiveram contato com a doença. Os dados seguirão servindo de base para as decisões do governo estadual.

Dessa vez, a nova fase revela que a prevalência do coronavírus no Estado segue baixa, indicando um infectado para cada 562 habitantes, ou seja, 0,18% da população já possui anticorpos. Anteriormente, esse número era pior e mostrava um para cada 454. Entretanto, o estudo segue comprovando que as estatísticas são subestimadas, já que até o final da manhã desta quarta-feira (27), as autoridades registravam 6.785 casos confirmados, enquanto o levantamento aponta mais de 20 mil. Importante lembrar que todos os números revelados pela Epicovid19 retratam a realidade de duas semanas atrás. Como foi anunciado pelo reitor da UFPel e coordenador geral da pesquisa, Pedro Hallal, mais quatro inquéritos serão realizados. Sendo assim, o cenário de hoje só será retratado na próxima etapa, que deverá ocorrer nos dias 13 e 14 de junho.

Em coletiva de imprensa na tarde desta quarta, Hallal iniciou sua fala destacando os novos resultados. “A fase com mais notícias boas”, disse. Ele referiu-se à informação mais animadora, que é a da queda no número dos casos não notificados. O quarto inquérito revelou que para cada caso registrado há três fora das estatísticas, sendo que na etapa anterior esse número era de nove vezes mais. Na primeira fase o estudo revelou que era oito vezes, quinze dias depois, na segunda, esse número passou para 12. “Essa queda de subnotificações se deve ao fato que o RS está testando mais”, explicou Hallal, que garantiu que os dados mostram que não há um crescimento descontrolado no Estado. Entretanto, disse que a população gaúcha não deve interpretar equivocadamente os números, acreditando que a pandemia não é tão grave como parece. “Ao contrário, se a pandemia não está crescendo descontroladamente é exatamente porque a população gaúcha está cumprindo as recomendações”, completou.

O último inquérito populacional mostrava que cerca de 25 mil gaúchos já teriam contraído a doença. Essa queda de aproximadamente cinco mil pessoas não é significativa, pois, segundo Hallal, é possível considerar um empate entre a terceira e quarta fase. “Não existe diferença estatística entre elas”, explicou. Por isso é possível afirmar que o crescimento ocorre em progressão aritmética, caso crescesse em progressão geométrica o cenário seria ainda mais preocupante. Sobre os testes rápidos aplicados, garantiu, mais um vez, que o utilizado já passou por quatro estudos de validação e possui 99% de especificidade, podendo produzir 15% de falsos negativos e apenas 1% de falsos positivos.

Novamente o estudo analisou a letalidade e concluiu que se baseada nos casos registrados é de 3%. Se calculada pelos números levantados pelo estudo ela cai para 0,97%. Sobre os sintomas, foi possível observar que o mais citado pelos entrevistados é a tosse e o menos a febre. O reitor lembrou que uma pessoa pode demonstrar um ou mais sintomas e também há os que não apresentam sinal algum. Outro ponto investigado pela UFPel é a transmissão domiciliar. Entre as quatro fases, 26 pessoas testaram positivo, sendo assim, os que moram na mesma casa também foram testados, totalizando 52 familiares. Desses, 38 testaram negativo e 14 positivo, comprovando um risco significativo da transmissão do vírus dentro das residências.

Distanciamento Social

Hallal observou que o maior aumento de quem saía diariamente foi entre a primeira e a segunda fase. “Da segunda em diante é praticamente estável”, verificou. Mesmo mantendo uma média de 30% dos que saem diariamente e 55% dos que deslocam-se apenas para atividades essenciais, o Rio Grande do Sul mantém um dos melhores resultados do país, já que pesquisa nacional, também conduzida pela UFPel, mostra que o Estado aparece em terceiro lugar, apresentando cerca de 67% entre os que nunca saem e os que saem apenas para atividades essenciais. Em Pelotas, o número dos que saem diariamente e dos que saem apenas para o essencial se manteve praticamente o mesmo do terceiro para o quarto inquérito. Já os que dizem ficar todo o tempo em casa passou de 17,8% para 14,6%. A diminuição dos dados do distanciamento acabam sendo consideradas normais, segundo Hallal, visto que já se passaram mais de 60 dias que a medida foi adotada.

Mais quatro inquéritos

Na mesma oportunidade o reitor anunciou que mais 18 mil gaúchos serão testados. Desse modo, a pesquisa se torna ainda mais inédita, visto que nenhum outro estudo teve oito fases e 36 mil testados. As próximas etapas seguem sendo resultado da parceria entre governo, universidades e iniciativa privada. “Seguiremos monitorando a população até o meio de agosto” afirmou. O quinto inquérito populacional está marcado para ocorre nos dias 13 e 14 de junho.

Cenário nacional 

A UFPel também coordena o mesmo estudo em âmbito nacional e esta semana divulgou os primeiros resultados da primeira investigação, realizada entre 14 e 21 de maio. A análise aponta para 760 mil infectados. O segundo inquérito deverá iniciar no dia 5 de junho.

Dados

1ª fase
4.189 testes
2 testes positivos
0,05% da população infectada
1 infectado a cada 2000 habitantes
5.650 pessoas já tiveram contato com a doença
Para cada caso notificado havia quatro não notificados

2ª fase
4.500 testes
6 testes positivos
0,13% da população infectada
1 infectado a cada 769 habitantes
15.066 pessoas já tiveram contato com a doença
Para cada caso notificado havia 12 não notificados

3ª fase
4.500 testes
10 testes positivos
0,22% da população infectada
1 infectado para cada 454 habitantes
24.860 pessoas já tiveram contato com a doença
Para cada caso notificado havia nove não notificados

4ª fase
4.500 testes
8 testes positivos
0,18% da população infectada
1 infectado para cada 562 habitantes
20.226 pessoas já tiveram contato com a doença
Para cada caso notificado há 3 não notificados

1ª fase: 58,3% saíam para atividades essenciais
20,6% saíam diariamente
21,1% ficavam o tempo todo em casa

2ª fase: 53,4% saíam para atividades essenciais
28,3% saíam diariamente
18,3% ficavam o tempo todo em casa

3ª fase: 56,1% saem para atividades essenciais
30,4% saem diariamente
16,5% ficam o tempo todo em casa

4ª fase: 54% saem para atividades essenciais
31,5% saem diariamente
14,5% ficam o tempo todo em casa

Distanciamento em Pelotas

1ª fase: 18,4% diariamente
60,2% atividades essenciais
21,4% o tempo todo em casa

2ª fase: 26% diariamente
54,4% atividades essenciais
19,6% o tempo todo em casa

3ª fase: 27,4% diariamente
54,8% atividades essenciais
17,8% o tempo todo em casa

4ª fase: 29,4% diariamente
56% atividades essenciais
14,6% o tempo todo em casa

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Campanha supera meta de  vacinação de idosos em Pelotas Anterior

Campanha supera meta de vacinação de idosos em Pelotas

Em ação contra fake news, PF cumpre mandados Próximo

Em ação contra fake news, PF cumpre mandados

Deixe seu comentário